O
Tribunal de Contas dos Municípios rejeitou as contas da Prefeitura de Apuarema,
da responsabilidade do prefeito Raival Pinheiro de Oliveira, relativas ao
exercício de 2019. Além de extrapolar o limite máximo para despesa total com
pessoal, em descumprimento ao previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal, o
gestor também não reconduziu a Dívida Consolidada Líquida do município ao
limite legal e também não pagou multas que lhe foram imputadas. O relator do
parecer, conselheiro Paolo Marconi, determinou a formulação de representação ao
Ministério Público Estadual contra o prefeito para que seja apurada a prática
de ato de improbidade administrativa. A decisão foi proferida na sessão desta
quinta-feira (11/03), realizada por meio eletrônico.
Os
conselheiros do TCM aprovaram, ainda, multa no valor de R$46.800,00 – que
corresponde a 30% dos subsídios anuais da prefeita –, pela não recondução dos
gastos com pessoal ao limite previsto na LRF. Também foi imputada uma segunda
multa, no valor de R$30 mil, pelas demais irregularidades apontadas no
relatório técnico.
O
prefeito Raival de Oliveira terá, ainda, que devolver aos cofres municipais a
quantia de R$220.800,00, com recursos pessoais, em razão da apresentação de
seis processos de pagamento sem documentos que comprovem a regularidade.
A
despesa total com pessoal alcançou o montante de R$15.538.408,36, equivalente a
69,42% da Receita Corrente Líquida de R$22.383.841,40, superando, assim, o
limite de 54% previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal. O município de Apuarema
apresentou no ano uma receita de R$22.543.245,28 e uma despesa de
R$23.688.477,87, demonstrando um déficit orçamentário de execução de
R$1.145.232,59, o que indica a existência de desequilíbrio nas contas públicas.
O
conselheiro Paolo Marconi considerou que, em mais um exercício, a cobrança da
dívida ativa pela administração municipal foi praticamente inexiste, tendo sido
arrecadados apenas R$81,35, que correspondem a 0,002% do estoque de créditos de
R$3.340.784,97 de 2018. Já a Dívida Consolidada Líquida do município
representou, no 3º quadrimestre de 2019, 143,43% da Receita Corrente Líquida –
pelo terceiro ano – acima do limite de 120% estabelecido na Resolução 40 do
Senado Federal.
O
relatório técnico também registrou, como irregularidades, a reincidência na
indisponibilidade financeira ao final do exercício para pagamento de todas as
obrigações pactuadas de curto prazo; realização de oito aditivos contratuais
sem a comprovação da obtenção de preços e condições mais vantajosas para a
administração; aquisição de bens sem a demonstração da técnica utilizada para
quantificação; irrazoabilidade nos gastos com festejos juninos; e falhas na
inserção de dados no sistema SIGA, do TCM.
O
Ministério Público de Contas, através do procurador Danilo Diamantino Gomes da
Silva, também se manifestou pela rejeição das contas, considerando a
inexpressiva arrecadação da Dívida Ativa, e descumprimentos dos limites legais
da Dívida Consolidada Líquida e do total das despesas com pessoal. Opinou,
ainda, pela aplicação de multa pelas irregularidades remanescentes.
Cabe
recurso da decisão.
Fonte: TCM
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